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Astrônomos observaram uma estrela devorar um planeta

Pela primeira vez, telescópios observaram um planeta 10 vezes mais pesado que Júpiter sendo engolido por uma estrela a 12.000 anos-luz de distância.

Fonte: Science (Traduzido para o Português)

Pesquisadores notaram o evento à 12.000 anos-luz na constelação de Águia, enquanto procuravam por luzes associadas às fusões estrelares. O cataclismo relativamente pequeno, que brilhou apenas um milésimo do brilho de uma fusão de estrelas binárias, pode abrir um novo campo de estudo, afirmam os pesquisadores.

Astrofísicos já sabem há muito tempo que quando acaba o combustível de uma estrela, esta se torna uma gigante vermelha, grande o suficiente para engolir planetas próximos. O crescimento ocorre quando a estrela esgota o combustível de hidrogênio no núcleo e as reações de fusão que fazem a estrela brilhar, se espalham em busca de mais combustível, inchando as camadas externas da estrela. Significa que eventualmente, o Sol vai engolir a Terra e outros planetas rochosos, embora só acontecerá daqui a 5 bilhões de anos.

Reações nucleares no estrela
Reações de fusão em cadeia que ocorrem no núcleo do Sol para a geração de energia. 4 átomos de hidrogênio (^{1}H) são necessários para produzir um átomo de hélio-4 (^{4}He). O deutério (^{2}H) é um isótopo do hidrogênio. ^{3}He é o hélio-3. Gamma ray=raio gama (fóton de muito alta frequência). O hélio-4 tem uma massa menor do que os quatro átomos de hidrogênio, o resto da massa é convertido em energia. Fonte: Eurofusion.

Tais eventos nunca foram vistos, até agora. Em Maio de 2020, Kishalay De, astrônomo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e seus colegas estavam estudando dados da Instalação Transitória de Zwicky, um telescópio ótico do Observatório Palomar, na Califórnia. Eles estavam procurando por brilhos característicos da fusão de duas estrelas, conhecidos como nova vermelha. Em vez disto, encontraram algo muito mais misterioso.

Uma estrela chamada de ZTF SLRN-2020, se tornou 100 vezes mais brilhante durante 10 dias antes de desaparecer lentamente. Sem certeza do que era, a equipe obteve o espectro da estrela, a divisão do brilho em diferentes comprimentos de onda, de um dos telescópios gigantes do observatório Keck, no Havaí. Tipicamente, a fusão de duas estrelas produz grande quantidade de hidrogênio e hélio, que deixam linhas de emissão brilhante no espectro, mas estas estavam faltando. Em vez disto, os pesquisadores viram emissão de moléculas de gases muito mais frios, o que não é esperado da fusão de estrelas.

O ZTF SLRN-2020 permaneceu um mistério até um ano depois, quando a equipe analisou o espectro em comprimentos de onda infravermelhos com o telescópio Hale do Palomar e encontrou que ainda estava surpreendentemente brilhante. Olhando os arquivos, viram que começou a brilhar no infravermelho 7 meses antes do súbito clarão descoberto originalmente. Lentamente, uma imagem começou a aparecer.

Enquanto a estrela crescia, um objeto próximo começou a aparecer contra suas camadas externas, aquecendo-as e as fazendo brilhar no infravermelho. O atrito poderia ter degradado a órbita do objeto até que este mergulhasse na estrela, inflando-a para que ela brilhasse intensamente em comprimentos de onda óticos. Como esfriou e encolheu novamente nos meses seguintes, então o brilho ótico desapareceu, algum material estrelar foi deixado para trás como um véu de poeira brilhante, explicando o brilho infravermelho de longa duração.

Embora a evolução e o espectro do evento lembrem a fusão de uma estrela binária, o fraco brilho indica uma fusão estrela-planeta. A estrela se fundiu com algo de apenas um milésimo da massa da estrela, os pesquisadores relataram hoje na Nature. Isto torna o planeta aproximadamente do tamanho de Júpiter.

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