Eletrônica, Instrumentação, Partículas subatômicas, Processamento digital de sinais

Contador Geiger-Müller: como funciona?

O assunto deste post é o contador Geiger-Müller. Um instrumento inventado em 1908, que identifica objetos radioativos e mede o nível de radiação ionizante.

A estrutura

O sensor é um tubo feito de material condutor, o cátodo. O ânodo é um eletrodo feito de tungstênio que fica dentro do tubo. Ambos estão ligados a uma fonte de alta tensão e a um resistor em paralelo com um amplificador e contador digital. No lado oposto do eletrodo, há uma fina camada de mica, chamada de janela, por onde entra a radiação ionizante para dentro do tubo.

Dentro do tubo do contador Geiger-Müller

Dentro do tubo há um gás inerte a baixa pressão, cuja composição geralmente é de 90% argônio e 10% etanol ou gás halógeno. Em condições normais, o argônio é isolante, porém, quando partículas alfa (α), beta (β) e gama (γ) entram no tubo, os átomos de argônio são ionizados, pois perdem elétrons ao interagirem com as partículas ionizantes. Os elétrons são atraídos pelo ânodo e os íons pelo catodo, devido ao campo elétrico criado pela fonte de alta tensão. Consequentemente, pulsos de corrente elétrica são produzidos.

contador Geiger-Müller
O gás possui baixa pressão para que os elétrons tenham espaço para acelerar e colidir com átomos do gás. Fonte: Wikiciências.
O gráfico à esquerda mostra a quantidade de íons produzidos no tubo em escala logarítmica (charge collected-log scale), em função da tensão da fonte do contador (voltage applied), em escala linear. A quantidade de íons gerados depende da partícula radioativa que incide. O contador deve operar na região (region) Geiger-Müller. Os raios gama podem penetrar a parede do tubo, enquanto alfa e beta entram pela janela.

Avalanche de Townsend

Quando o elétron se separa do átomo devido à partícula ionizante, o campo elétrico entre os eletrodos acelera os elétrons para colidir com outros átomos, produzindo mais íons e elétrons livres, que colidirão com mais átomos. Criando as avalanches ou descargas de Townsend em direção ao eletrodo ânodo.

avalanche de Townsend dentro do tubo Geiger-Muller.
Os fótons ultravioleta, emitidos por átomos ionizados anteriormente, também podem causar uma avalanche de Townsend. Fonte: Radiation Dosimetry.

Por quê o gás tem 10% de etanol? Para impedir oscilações e um aumento descontrolado de cargas elétricas e, evitar a descarga contínua. Pois a avalanche deve parar quando não houver partículas incidentes. O potencial de ionização neste gás é menor e quando um elétron ou íon interage com uma molécula deste gás, ele é absorvido ou tem sua velocidade reduzida. As moléculas do gás orgânico são quebradas em íons, mas elétrons não são emitidos.

Limitações do contador Geiger-Müller

  • Não consegue diferenciar as partículas ionizantes.
  • Não consegue medir altas taxas de radiação devido a um “tempo morto”, o tempo que leva para se recuperar de pulsos de corrente induzidos por avalanches de Townsend.

Algumas curiosidades

  • Hans Geiger trabalhava com Ernest Rutherford, o físico que descobriu o núcleo atômico, quando inventou o contador. Porém, só detectava partículas alfa. Em 1928, Geiger e Müller aprimoraram o instrumento para detectar as outras partículas.
  • O contador Geiger-Müller já foi usado para estudar os raios cósmicos.
  • Para detectar nêutrons, que não possuem carga elétrica, o gás deve ser hélio-3 ou trifluoreto de boro (BF_{3}), ou a parede interna do tubo deve ser revestida com boro.

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